Razões de Orgulho.



Na vida, tenho muitos motivos das quais me orgulho. Muitos deles são derivados de mim mesma. Mas os maiores repousam naquilo ou naqueles que me cercam. Vejo em muitos pequenos rostos, pontos brilhantes que me conduzem à expectativa de um mundo melhor. Vejo esperança ali, otimismo. Mesmo que temporariamente esse brilho se ofusque naquele tédio invencível da adolescência que é chegada, em que nada é capaz de alterar aquela expressão impassível do projeto de adulto que se anuncia em frente a você.


Mas nas várias pequenas razões de orgulho que tenho na vida, uma veio recheada do diferente privilégio que me foi concedido há longos anos, quando já nascida e bastante amada, fui convidada, ainda por cima, a batizar.

Não que formalmente isso modificaria a situação. Até porque o sentimento que une dois seres não se vê alterado por um título. Tenho uma outra razão de orgulho que é a prova viva disso. Mas aquilo, naquele momento, eu não tinha ainda meus 30 anos, me trouxe uma sensação de importância e deferência jamais sentida. Olhando no fundo daqueles olhinhos azuis, com toda afinidade que já sentia por ela, ainda viria uma responsabilidade.



A responsabilidade de lhe ser uma segunda guardiã. Eis que mãe e pai nunca lhe faltou. Mas aquela coisa mais leve de amiga e tia, de aventura e passeio, de conversa e ajuda, que um dia iria chegar. E claro, de presentes e guloseimas, de preferências e escolhas.



E não foram poucos os momentos que eu pude viver com essa minha joia. Foram inúmeros passeios, aventuras, conversas, brincadeiras, presentes para brincar juntos, bolos feitos e comidinhas, noites sem fim. E daí que vem meu orgulho. Em todos esses momentos pude ver crescendo um espírito resolvido e iluminado. Já bebê, demonstrava uma seriedade ímpar, o que me dava a certeza que ali vinha algo diferente. E ao longo do tempo, com os sobressaltos e experiências vividas, vi que não me equivocava eu, que também não sou filhota, e já sabia, que daquele mato sairia coelho.


Inteligente, bonita, com raciocínio lógico e rápido, ela cresceu e desenvolveu qualidades que sempre sonhei pra ela, assim como já havia sonhado antes e também conseguira êxito. Ela lê livros, ela gosta de rock, ela é Corintiana. Ela é estudiosa e tira notas altas, ela gosta de aprender e de falar sobre a vida e as coisas. E tem uma clareza de raciocínio para falar e escrever que não corresponde à sua idade. Como escreve bem, por Deus! Ela é enfim, tudo o que eu desejei que ela fosse um dia e nunca contei pra ninguém.

Para que contar? Como me disseram um dia, as bênçãos divinas a gente recebe em silêncio.

Agora, mesmo que ofuscada pela fase incerta da adolescência, seus dotes permanecem. É fato que a fase crítica chegou e vai permanecer por um tempo. Não temos escapatória, afinal, amadurecemos o nosso espírito forjando-o para a luta nesse tipo de experimento. Mas paciência também é uma virtude. Dela, inclusive. Que saberá transpor tudo isso para resplandecer para a juventude adulta em toda a sua plenitude.


E cá estaremos nós aguardando. Para mais uma gama de experiência, passeios, presentes e aventuras.

Não por isso, Julia, sou sua madrinha e tenho muito orgulho de você ser como você é. E tenho certeza que você a cada dia será melhor. Do alto dos seus poucos 13 anos ainda há muito que aprender e isso é o que te fará ainda mais sábia. A certeza que nunca se sabe tudo.

Amo você e te desejo muito mais que um feliz aniversário, te desejo uma feliz vida.



Dida




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