Meu Eu na Pandemia.



Nessa semana que passou, completamos 1 ano da decretação do estado de emergência, na cidade de São Paulo, fato que motivou nosso recolhimento em casa para conter a transmissão do CoronaVírus.


Era exatamente 16 de março de 2020 e eu estava já me preparando para comemorar o 46º aniversário.



Ocorre que essa festa não ocorreu. Tampouco tantas outras que viriam mas que não conseguiram se realizar para evitar aglomerações. Alguns poucos amigos ou familiares, de forma alternada e com intervalos espaçados de tempo, conseguiram nos visitar, mas sempre banhados no álcool gel e portando as suas mascaras.


As nossas vidas desde então tomaram outro contorno. Passamos a acumular o home office diário com as aulas online, os cuidados da casa, a comida, minha criança em tempo integral e, claro, o marido (agora também, em tempo integral, mostrando de fato o que é um casamento).


Inicialmente, foi divertido e desafiador. E desafiador ainda é, inclusive porque, de certa forma, é essa parte justamente que dá o tom e a graça de permanecer em casa por tantas horas, impedidos de sair, fazendo coisas que eu antigamente não me dedicava.


Assim como tantas mulheres, me vi obrigada a acumular tantas funções que eram, antes, descentralizadas e distribuídas com mãe, escola, faxineira e outras tantas colaboradoras que tornavam a vida mais fácil.


Hoje, e não é de hoje, o cansaço começa a dar sinais claros do esgotamento físico e do embotamento mental que essa quarentena prolongada vem nos impondo. Ao repetir as mesmas coisas, após tanto tempo, o desânimo se instala, a falta de inspiração para escrever, a capacidade de digitar rápido e claro.


Cada dia é uma campanha em prol de nós mesmos para manter a saúde mental em um estado razoável, que nos impeça de gritar e correr rua afora, sem o menor sinal de que vai parar em algum lugar.



As forças que nos movem são renovadas a cada dia, mas parece que a pilha já não tá dando conta desse expediente prolongado.


As notícias que assistimos na TV, acabam contribuindo pra esse malsinado quadro. Gente nas ruas, nos bares, se aglomerando na praia, enquanto você se esgana para permanecer aquartelado. Casos de corrupção, de mau uso de dinheiro público e abuso de poder tornando ainda mais difícil a esperança.


Quantas vezes cogitamos que a crise tornaria as pessoas melhores, mas ao que parece, as cenouras continuaram cenouras. O cozimento na panela de pressão não as transformou em batatas ou cebolas. Ao contrário. Só destacou o espírito egoísta e desenfreadamente ambicioso de alguns.


E as mortes? tantas que a gente não consegue assimilar direito. Familiares, amigos, pais de amigos, parentes, colegas de trabalho e conhecidos, vão se acumulando dentro de nós. E não pense que dói. Parece que estão todos vivos e nos aguardando em algum lugar por ai, fora de nossa casa. Pior é que a correria de nosso dia a dia, não nos permite viver essa dor. 



Contar com a Justiça, só a divina. E isso porque trabalho com ela diretamente e de fato, não vejo melhora na sua eficácia. 


Ainda bem que mesmo nos momentos bem ruins, se tivermos paciência, a força se renova. A fé que ajuda a nos mover a cada dia, tem uma função muito própria no dia a dia da gente. Ela nos consola, nos alivia, nos pega no colo e nos permite descansar de algumas situações insolúveis. Por mais que parece singelo, a confiança em uma vivência quadrimensional, que não se encerra nesta vida terrena, nos motiva a continuar sendo bons, agindo no bem e para o bem. 

Nos estimula a não invocar a Lei de Gerson a cada hora do dia em que você um milhão de malandros fazendo o mesmo. E você, impotente, consegue se consolar e ficar na regra.

Mas é preciso paciência, muita paciência porque se ganharmos força, vamos esmurrar a cara de alguém.

E que isso acabe logo, antes que a minha paciência se acabe de vez. Completei nesta mesma semana meus 47 e não vislumbro, por ora, qualquer expectativa de melhora breve.



Que venha logo a vacina. Embora ela só vai resolver o problema do Covid. Os outros tantos que estamos vendo nesse mesmo período,precisam de uma solução a prazo mais longo. E que Deus nos ajude.

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