INTUIÇÃO

Por Suzana Vereta Nahoum Pastore
Acredito que quando uma mulher se torna mãe, a intuição aflora. Não sei porque ou como, mas tenho certeza de que a mulher desenvolve esse "sexto sentido". Esperei a Helena, minha filha, com muita alegria. Aguardei ansiosamente sua chegada. Mas os primeiros meses foram muito difíceis. Uma dificuldade fora do normal. Ao comentar com o pediatra sobre "alguma coisa estar errada", a resposta era sempre a mesma: "vc está estressada e está passando o stress para o bebê. É normal, muitas mulheres que trabalham fora ficam assim, quando têm que lidar com a licença maternidade. Tenha paciência e a situação vai se resolver. Bebês choram mesmo". Então, a culpa "passou" a ser minha, claro. A Helena chorava dia e noite, não dormia, não mamava. Só chorava. E eu via o sofrimento em seu rosto. O choro não era de manha, era de dor. Em uma tarde de inverno, a minha mãe resolveu me escutar, após eu dizer pela milésima vez que tinha alguma coisa errada. A menina havia chorado o dia todo e o pediatra, ao ser consultado, me disse para dar um banho e remédio para cólica. Não achem que este médico era um qualquer. Foi uma pessoa recomendada por uma grande amiga. Ele atende no Einstein e bla bla bla ... Achávamos que era alguma coisa relacionada com a alimentação, pois na hora de mamar piorava. Então, a minha mãe ligou para o nosso gastro, um "médico de família", pois a família toda da Helena tem problema de refluxo, tanto a materna quanto a paterna. O médico, muito diligente, ouviu o choro do bebê e disse que realmente tinha alguma coisa errada. Indicou uma gastro pediátrica. Saímos da primeira consulta com um diagnóstico preliminar: refluxo e alergia à proteína do leite de vaca. Como eu ainda amamentava, a médica excluiu todo e qualquer produto da minha dieta que contivesse leite ou derivados de leite. E da dieta da Helena também. Trocamos o leite (que ela já tomava às tardes, por eu estar exausta) por um que custava R$ 400,00 a lata. Ademais, saímos do consultório com vários pedidos de exame, dentre eles uma endoscopia. Feitos os exames, o diagnóstico foi confirmado. A Helena, então com dois meses, já tinha lesões no esôfago. Começamos então o tratamento e mantivemos a minha dieta e a dieta da Helena. Hoje, a Helena está com dois anos e dois meses. É uma criança ativa, sociável, inteligente e com uma personalidade forte. O tratamento continua, ela toma remédio, já fez outra endoscopia para saber como estava o refluxo, não come ovo, amendoim, chocolate, corante e nada de leite (nem traços de leite). Continua tomando o leite especial. Mas, o mais importante, é havermos descoberto o que a incomodava tanto e a fazia sofrer. Dentre outras, essa será a minha herança para ela: a minha intuição.

Comentários

  1. Com certeza, Su! A intuição muitas vezes descobre o que a experiência de nossas mães insiste em negar. Ainda bem que você ouviu a sua. E eu me sinto forte pra continuar confiando na minha! beijos

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  2. Como diz a minha querida mãe..não devemos fazer o que só o pediatra diz..isso me lembra quando a Ana Carolina com apenas 1 mês a pedido da pediatra tirava sangue semanalmente para saber como estava a ectirícia, ela chorava com o aperto em seu bracinho e eu chorava junto..até que minha mãe comprou um chá para dar banho, no outro dia o amarelo da pela dela já estava diminuindo..coisas de antigamente, que pediatra nenhum acredita..

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  3. Chuvi, graças a Deus a intuição delas se mantém após virarem avós (OU Mães pela segunda vez), pois senão muito sofrimento nos bebês não conseguiríamos evitar. Tô contigo e não abro.

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  4. É, no meu caso demorou mas a única pessoa que me ouviu foi a minha mãe ...

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