Incansável!

(by Lu Del)


Não, não estou falando de mim, mãe da Sofia. Estou me referindo a alguém que é mãe 3 vezes e por duas vezes é avó, ou mãe ao quadrado. Estou falando da minha própria MÃE.

Sempre nutri uma admiração incontinenti por ela, a qual nunca fiz segredo, inclusive para a própria, que nunca me leva muito a sério. Mas com a chegada da Dona Sofia, que por contingência do destino está sendo criada/cuidada pela mesma, não tenho como deixar de manifestar de novo, o quão incansável pode ser alguém quando movido por uma paixão infinita. Eu, por mais que ame, uma hora canso. Aliás, quem me conhece, sabe que canso fácil. Depois da gastroplastia então, minha energia é extremamente limitada e curta.
Preciso sempre de um carrêgo nos intervalos de atividades para conseguir alcançar a reta final.


O mesmo não se dá com a dona Cleide. Quanto mais você acha que ela está cansada, mais energia ela vai tirando sabe se lá se do seu gênio ferrenho ou sua vontade hercúlea, mas a danada aparece. E tudo isso estou aqui matutando, em razão da reforma da minha casa. Na verdade, matuto isso já há muitos anos, quando ela fez a gastroplastia. Creio que foi em 2006...

Sofrendo de terríveis dores nas costas e joelho, minha mãe era, à época, uma mulher derrotada. Derrotada pela força das dores que a acometiam e da total incapacidade de manter-se em pé enquanto o corpo a puxava pra baixo. Lembro bem das inúmeras noites em que após jantarmos, desabava no sofá, dormindo até a hora de irmos para a cama. Até que surgiu o ícone, ao menos por esse ângulo, doutor Ricardo Brunetti, que sentenciou a necessidade dela reduzir o estomago pois o excesso de peso era quem a estava torturando com as dores ortopédicas.

Superada toda a burocracia da referida operação, que até culminou com troca do médico para a cirurgia, eis que deu-se o fato e minha mãe nasceu de novo, agora sob a esbelta figura dos seus 60 e poucos quilos. Desde então, me espanto com a tamanha energia que emana dali. Após faxinar a casa, ainda consegue fazer um bolo. E nesse ínterim quem já estava abandonada ao sofá com a língua de fora, era eu, com meus muitos anos a menos que ela.

Ora, que dirá agora, com a chegada da Dona Zimilindi (a Sófis), que agregou aos cuidados com a casa, com os gatos (esses, não sem muitos xingamentos a eles e a mim, que os adquiriu), ainda sobra tempo para cuidar da Gouda e BATER OS BOLOS, fazer pães, salgadinhos!

Ora vamos! Sei que temos muitas mães guerreiras por ai. Inclusive na minha famiglia, posso citar vários exemplos, mas igual a minha mãe, tá difícil de encontrar. Ou, ao menos, é o que posso dizer pois acompanho dia a dia, noite a noite, que agora, tem sido mais curtas para ela do que pra mim. É que com reforma lá em casa, não há como o bebê dormir em seu quarto cheio de pó de piso. Então onde ela dorme?!

No quarto da minha mãe, que é quem acorda para alimentá-la na madrugada. E não pensem vocês que já não tenho insistido para revezar com ela pois preciso que ela descanse. Na verdade, além de incansável, ela é refratária também. E cozinha excelentemente bem também (ok, tá fora de contexto, mas tinha que destacar isso também).  E sem perder o bom humor (sim, as vezes ela perde, vai!).

Mas ainda assim, pois quando ela perde o humor o bicho pega, não tem como não render loas a uma mulher desse quilate. Não tem uma foto dela descansando. Todas as imagens ela está fazendo algo. Dá até medo tanta força. Peço a Deus todos os dias para que minha mãe repouse seu corpo e alma nas curtas horas de sono que ela tem e que para mim, de tão curtas, não dariam nem pro cheiro. Rezo pra que ele não me surpreenda com um dia que ela vir a descansar e ai seja um break total, pois sempre prefiro tudo em doses homeopáticas.

Como poucas, em prol de seus descendentes e colaterais, sempre uma leoa. Não mexa com eles. Chega a ser até exagerado, meio mexincano. Mas ela é asim, INTENSA (ela vai me matar por isso).
Ou ela é simplesmente minha mãe. Vó da Sofia e do Vitor.
Tia-avó da Julia e do Lê. Tia de uma renca de caras que não vou aqui nominar. 
Pau para toda obra, pedra noventa, ponta firme.
Ela é assim, simplesmente Cleide.


Comentários

  1. Nossa Lu que lindo, fez sem perceber uma bela poesia, estou aqui as lágrimas, concordo com tudo o que escreveu ela é realmente adorável e apaixonante, cuidemos dela para que possamos ainda curir muitos anos ao lado dessa pessoa maravilhosa.
    Adriana

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  2. é verdade, Dri!!!! com certeza, vamos cuidar, juntas!

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  3. Lu, realmente lindo ! Também amo e admiro demais a minha mãe. Mesmo sem um braço e com uma dor lancinante, não perdeu a vontade de viver. Soube incentivar os filhos a viverem muito longe dela, mesmo sabendo que ia perder a convivência diária. Deu a volta por cima ao ter de enfrentar uma nova condição financeira. Claro que tudo isso não aconteceu sem milhares de lágrimas, mas nessas horas até agradeço, pois vejo que ela é humana e não um ser de outro planeta que qualquer hora poderia ter que regressar para sua casa e deixar a todos nós !

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  4. Su, tenho certeza que dará uma bela história. Topa escrever? Só o seu comentário, pra mim, foi poesia!
    Encontrei alguns pontos de identidade com a história de minha mãe, que acabei omitindo para não me tornar demasiado longa e cansativa. Mas tenho certeza que nossas mães, como da maioria das nossas leitoras, têm uma mãe que merece não um conto mas um livro inteiro. São demais!

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