Sobre ser mãe....

(com comentários adicionados pela Chuvis (Cynthia), mãe da Chuvisquinha (Ana Carolina) de um ano e meio e minha prima querida.


Antigamente, penso, que era mais fácil ser mãe. Não estou me referindo a fraldas de pano ou descartáveis, comida em potinhos ou tecnologias de ponta para o monitoramento dos nossos filhotes mas sim ao quadro psicológico imposto por todo um mundo novo às pobres mães que, como eu, ingressam na sua primeira viagem.

Comentários> Antigamente, não tinham tantas tecnologias e tantas opiniões como atualmente...as crianças nem visitavam os pediatras, lembro da vó nos benzendo e dando chá disso e daquilo...e melhorávamos... Câmera então para visualizar a pobre da criança na escola nem em pensamento..hoje, se a câmera não está funcionando, ligo na mesma hora na escolinha para saber o porquê..como fico sem ver a chuvisquinha durante o dia..e se percebo que ela está caidinha, ligo para saber se ela está bem..coisas de mãe de primeira viagem..pago a mais na escola por causa desta bendita câmera..e não reclamo!!! Afinal ela passa mais tempo lá do que em casa.

Antigamente era muito comum os filhos dormirem com seus pais ou acordar a noite para mamar, para chorar ou simplesmente para brincar. Hoje, dado à conclusão dos doutos que os bebês devem mamar às 23horas e só acordar as 6 da manhã, aquele que foge à regra possivelmente está com algum problema.

Dormir na cama com os pais é caso de guerra. Não basta você ter que levantar 8 vezes por noite (o que já é uma anomalia) para atender seu pimpolho que está gripado ou com gases. Você tem que manter os limites da individualidade dele e da sua, fazendo com que ele fique no berço e você na cama.

Comentário>: Normalmente quem diz isso, é porque já tem filhos crescidos ou não tem filhos... (concordo!!) como te disse ontem, não agüento a pobre da criança que já ficou longe de mim o dia inteiro ainda chorando a noite e eu em pé ao lado do berço, tentando fazer-lá dormir sem pegar no colo ou levar para a minha cama..(é de cortar o coração mesmo!)
OBS: essa noite, ela chorou as 01:15, fiquei nem 5 minutos com ela e ela voltou a dormir, sem ir para a minha cama..depois de 25 dias..vamos ver como será o resto da semana..


Mas o duro não é só o fato de hoje, termos que conciliar o turno do trabalho com a maternidade. Duro mesmo é você conviver com a angústia de pensar que tudo poderá ser diferente e você está sofrendo de cansaço crônico porque quer. Afinal, o bebê tem que dormir as 23horas e acordar SÓ as 6 horas da manhã. Ele tem que dormir sozinho e não ser ninado até a exaustão (mesmo que depois eu o coloque no berço e ele fique gostosamente até o primeiro choro 3 horas depois – 5 se eu der sorte).

Inevitável perguntar-se o que estaria fazendo errado? Minha filha é mal-acostumada? É mimada? Tem problema? Me lembro de quantos anos minha irmã dormiu na cama da minha mãe e a grande alegria da casa era o rodízio quando fazíamos sorteio para ver quem seria o “felizardo” (somos em 3 irmãos) da noite.

Hoje, a mãe que leva o filho a dormir em sua cama comete o pior de todos os delitos e vê-se obrigada a agüentar os patrulheiros de plantão que estão sempre prontos a dar um bom conselho, um reproche, uma “dica”. Antigamente, ser mãe era quase intuitivo, hoje é científico.

Mas no fundo, talvez a grande maioria dos bebês durma mal e eu estou ansiosa à toa (o cansaço não é à toa). Talvez o tal do “nana nenê” não funcione com todo mundo e eu estou aqui sofrendo de graça. Ao menos é o que me parece quando converso com amigas e primas que tem/tiveram filhos e sofrem/sofreram com o mesmo mal. No fundo, talvez todo mundo goste mesmo é de fazer um grande marketing do seu próprio filho e de como a maternidade é maravilhosa e esqueça de contar às infelizes que nem tudo são flores no jardim da sua prole.

Comentário: Sim a maternidade é maravilhosa, amo muito a minha filha, mas também sinto falta de dormir até tarde e não ter preocupação com horário, comida, sinto falta de ficar de pernas para o ar, sem ter absolutamente nada para fazer e sem sentir nenhuma culpa por isso..meu Deus quanto tempo não tenho um tempo só para mim
Sinto falta de sair para jantar tranqüila ( NUNCA MAIS CONSEGUI)..se quero sair ou tenho que levá-la junto ou deixo com a minha mãe..ou um come e o outro cuida dela..
Tem dias que chego em casa e não quero fazer nada, estou cansada e quero dormir..quem dera, não durmo antes de ficar com ela, arrumar a mala da escola, lanche, trocar fralda, mamar, escovar dente e agüentar ela chorando porque não quer escovar o dente..ou porque não quer dormir e o pai acha que ela tem que ter disciplina e horário..ai digo para ele: vc dorme qd não tem sono? então não obrigue ela a dormir tbm..e ai começa o bate boca..


O amor de mãe não resulta da perfeição da sua cria. Ao contrário, ao que parece, quanto mais imperfeito, mais os amamos com devoção inatingível para qualquer ser-humano que não seja mãe ou vó. Mas a tendência de fazer do seu filho um ser perfeito – mesmo que ele não seja – temo, tem criado esse quadro angustiante no coração de mães inexperientes como eu. Nada pior do que você ouvir aquela mãe dizendo: “meu filho ama frutinhas” “o meu adora um chá” e “água, então? Toma que é uma beleza!”. Olho para minha filha que, embora saudável, alegre e muito forte (em 8 meses só pegou 1 gripe), toma suco com dificuldades (prefere o leite, mais docinho e substancioso), frutinhas tem que ser daquele jeito dedicado da vó e água, não vai nem com reza-braba. Atualmente, ela até toma, em colheradas (DUAS colheradas) só para dizer que não falou de flores.

E o Pai da criança então? Todos os maridos são maravilhosos, ajudam, levantam de noite dão o maior suporte às mães exaustas pela criação do seu rebento. Não o meu. Que levanta 1 vez por noite para dar a mamadeira das 4h30 da manhã (sim, ela mama essa hora!) e ai de mim se não for fome o que faz ela chorar. Tenho que eu ir até o quarto e resolver o problema, pois ele não sabe ninar a bichinha ou trocar uma fralda – Deus o Livre! -. Mas hoje, reza a lenda, homem que não ajuda é uma raridade. Claro que o MEU é diferente. Só agora, depois de muito choro e ameaças, gritos e ranger de dentes para ele dar uma força. Meu pai nunca nos pegou no colo e minha mãe fazia tudo sozinha, o que era muito comum, segundo soube pelas Tias e mulheres mais velhas com quem compartilho um poucos das minhas dúvidas. Hoje, se encontro alguém na mesma situação que a minha, falamos à boca pequena da péssima atuação do cônjuge, afinal, marido hoje é muito participativo e ajuda e tal. Sabe aquela “estória” do gramado do vizinho...?

Comentário: Sim, meu marido me ajuda com a Carol em tudo ( menos na troca de fralda, somente se eu estiver ausente e demorar para voltar).porque ao contrário, ela fica com a fralda molhada...meu marido, vc conhece bem, ele foi criado assim: as vezes ele briga com ela como se ela tivesse 10 anos e entendesse perfeitamente. Fala se eu quero que ele brigue com ela, nunca! ele é muito perfeccionista e ela é um bebê ainda!

Amanhã, levarei minha filha à homeopata (devo levar meu marido?). Quem sabe ela não consegue fazer minha filhusca dormir direito com alguma receita definitiva, tomar água, comer melhor? Ou quem sabe eu simplesmente me convenço que o padrão do meu bebê é esse e tenho que aguardar serena que ela alcance uma idade maior e passe a dormir melhor. Segundo consta, eu era mil vezes pior que ela e acabei virando lenda na família, dado o meu mau-humor e apego demasiado à minha mãe. E meu irmão então que nem dormia? (seja de dia ou de noite). Estamos aqui, adultos saudáveis (me parece), completos e pais também.

Bom, esperança é a última que morre, assim como a crença na opinião dos doutos e dos experientes pais que assim como você, um dia sofreram, mas talvez não se lembrem (ou não querem lembrar!) das suas agruras para nos consolar com identidade de sofrimentos e a certeza serena que seu filho vai melhorar ou essa fase é só uma fase.

E la nave va.

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